Agora caminhamos para uma nova era, a era da valorização do ‘ser’, e não do ‘ter’; ser cidadão, ser solidário e ser voluntário.

A Assembléia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) proclamou 2001 como o Ano Internacional do Voluntário. O ato teve o apoio de 123 países, entre os quais o Brasil. O objetivo é aumentar o reconhecimento, o intercâmbio e a promoção do voluntariado em todo o mundo.

No último milênio, a cultura ocidental valorizou o conceito do “ter”. Agora caminhamos para uma nova era, a da valorização do “ser”. Ser cidadão, ser solidário e ser voluntário. É hora de fazer, de pôr a mão na massa, de tornar realidade os nossos sonhos e de tornar eficazes as nossas idéias. Ao passar pela vida, o importante é marcar a diferença.

Nosso trabalho com o voluntariado é, em parte, mostrar caminhos, apontar maneiras de atuar e valorizar empreendimentos concretos, já existentes, em busca de uma sociedade mais justa. Queremos incentivar a criatividade e as iniciativas individuais e coletivas.

O Brasil é o quinto país em número de voluntários. São 20 milhões de pessoas que dedicam parte de seu tempo doando o seu talento e a sua capacidade à causa do voluntariado. Sem dúvida é um número expressivo, mas poderá ser muito maior.

Precisamos fazer do Brasil uma constelação de voluntários!

Na 2ª Mostra do Voluntariado, em 19 de maio, no Colégio Dante Alighieri, estiveram reunidas 50 ONGs (organizações não-governamentais). Mais de 5.000 pessoas puderam visitar as oficinas, conheceram as organizações comprometidas e se engajaram como voluntários.

O grande desafio deste novo século é incluir os excluídos. Essa não é uma tarefa de um só segmento da sociedade. É de todos nós. Custa muito pouco oferecer uma oportunidade a um desses nossos irmãos desprovidos de condições reais de cidadania.

Eles não querem caridade. Querem identidade, alimentação saudável e salário digno, pois a atual referência para o salário mínimo é ínfima.

Sabemos que, neste momento, falta sangue nos hospitais do Brasil, sobretudo nos de São Paulo, o que ameaça a vida de milhares de pacientes, inclusive crianças. Mas não falta quem queira doá-lo. Faltam, sim, os meios de colhê-lo.

Estamos propondo uma divulgação maciça de educação voltada para a cidadania nos diferentes temas, incluindo o tema saúde. O Centro de Voluntariado de São Paulo está oferecendo voluntários capacitados para as escolas de ensino médio com a finalidade de formar o doador do futuro.

Uma campanha com o apelo “doar não dói; seu sangue pode salvar uma vida” poderia desencadear uma grande diferença!

Viabilize essa proposta em sua cidade, em seu bairro, em seu local de estudos e em seu local de trabalho. Torne-se um voluntário, ajude a construir a cidadania e a minorar os problemas sociais que afetam o Brasil.

Milú Villela, 54, empresária, é presidente do Comitê Brasileiro do Ano Internacional do Voluntário, do Centro de Voluntariado de São Paulo, do MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo) e do Instituto Itaú Cultural.